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Laticínios sem leite? Especialista conta como substituir o leite de vaca por alternativas vegetais
Por Luciana Mastrorosa, do UOL
Matéria original AQUI
29/06/2017 04h00
Conceição adota uma filosofia de vida baseada em uma alimentação natural, sem industrializados, há pelo menos 20 anos, quando também começou a escrever livros sobre o assunto. É autora do site Doce Limão, onde expõe seu ponto de vista especial sobre alimentação e propõe novas formas de preparar os alimentos, como receitas crudívoras e veganas, sem nada de origem animal. Conectada com as tecnologias, Conceição reúne quase meio milhão de seguidores nas mídias sociais, dividindo por ali também suas dicas e conceitos. “Meu discurso é sobre você ter lucidez, é sobre encontrar as soluções de uma forma amorosa, leve, para si mesmo e para as pessoas que o cercam”, diz ela. “Acredito muito numa alimentação baseada em plantas, sem muitos refinamentos, em que a gente sai dos industrializados”.
Conversamos com a autora para saber um pouco mais sobre sua filosofia alimentar e pegar dicas (e uma receita também: aprenda a fazer mousse de limão vegana) para quem procura alternativas ao leite de vaca:
Leite sem leite: o que são as bebidas vegetais
Os chamados “leites” veganos são bebidas obtidas a partir de água e produtos do reino vegetal, como castanhas e cereais. Deixados de molho e, posteriormente, batidos no liquidificador e coados com pano, esses extratos são ricos em proteínas e gorduras, especialmente aqueles feitos com oleaginosas, como gergelim, girassol e amêndoas. Falei já um pouco desse tema por aqui. Os leites veganos podem ser consumidos puros ou entrar na fabricação de “laticínios”, como queijos cremosos e duros, iogurtes, sobremesas (como a tortinha de limão que a autora divide aqui com a gente) e pratos salgados. Para o leite, Conceição recomenda uma proporção de 1 xícara (chá) de sementes (previamente hidratadas ou germinadas) para 1 a 2,5 xícaras (chá) de água – de preferência filtrada ou solarizada (deixada por algumas horas no sol, em recipiente de vidro transparente, para eliminação do cloro). A ideia é obter uma bebida que tenha textura agradável, sem ser rala demais nem excessivamente grossa.
Como transformar leite vegetal em queijo e iogurte
Muito se discute sobre chamar de queijo um produto que não leva leite animal. Mas Conceição propõe que os produtos feitos a partir dos extratos vegetais sejam chamados, sim, de “queijos veganos ou vegetais”, já que podem ser elaborados seguindo as mesmas técnicas de drenagem, fermentação e afinagem que os produtos feitos com leite tradicional. O importante na fabricação desses laticínios veganos é sempre utilizar algum agente fermentador, como kefir de água ou rejuvelac (bebida obtida a partir de grãos de trigo fermentados). Eles contêm as bactérias do bem que vão transformar completamente o sabor e a textura desses alimentos. E, no caso de queijos de corte, deve-se lançar mão de recursos que tragam firmeza ao preparo. Conceição sugere o ágar-ágar, uma gelatina vegetal feita à base de algas e que, depois de pronta, não precisa de refrigeração para manter-se firme. Para os iogurtes, o agente fermentador também é fundamental. Conceição prepara iogurte grego com leite de coco fresco, kefir de água, ágar-ágar, água e melado de cana – com fermentação de 4 a 6 horas, fica cremosíssimo e pronto para comer.
Quanto tempo dura?
A autora é rigorosa em relação à segurança alimentar. Além de recomendar cuidados com higiene e ambiente sempre muito limpo, Conceição sugere produzir os alimentos em pequenas quantidades, o suficiente para serem consumidos na hora, especialmente as receitas que não passam por aquecimento. “Pode guardar por 24 até 48 horas, mas o sabor vai mudando”, diz ela. “Mesmo os alimentos cozidos, não recomendo que se guarde muito tempo na geladeira. Eles perdem suas características e aumenta o risco de contaminação”.
Dicas para enriquecer o sabor
Muita gente critica os laticínios veganos dizendo que não têm “gosto de nada”. “Tem gente que me escreve dizendo que provou todos os leites vegetais e que nenhum tem gosto de leite. Ora, não vai ter mesmo, cada alimento é único. E mesmo os leites de vaca têm pequenas variações de sabor”, lembra Conceição. “Mas eu acho que dá para fazer muitas coisas gostosas, sim, só precisa saber saborizar”. O caminho que a autora mais gosta de explorar é o das ervas, aromatizantes naturais. A dica aqui é não abusar dos temperos, usar só o suficiente para realçar os sabores delicados desses preparos. Vale também apostar nas especiarias.
Utensílios indispensáveis para quem está começando
Conceição indica dois eletrodomésticos fundamentais para a produção dos laticínios veganos: um bom liquidificador e, se possível, também um processador de alimentos. Além deles, aposte também em peneiras, colheres e xícaras medidoras, espátulas e panos para coar (a autora sugere o voal, mais fácil de lavar e secar). “Eu uso muito potes de vidro, sou a favor de reaproveitar tudo. E não é necessário um grande investimento para começar”, diz ela.
Ética animal na produção tradicional
Além das mais de 70 receitas com leites, queijos e vários tipos de pratos veganos, o livro de Conceição aborda bastante a questão da ética animal, apontando como a criação intensiva, de gado confinado, interfere não apenas na saúde desses bichos, mas também na nossa. A autora defende que, mesmo num leite de vaca produzido da melhor forma possível, ainda assim haverá alguns aspectos próprios desse alimento que podem ser de difícil digestão para o organismo humano. A caseína, proteína presente no leite animal, por exemplo, pode causar alergias. “Além disso, tem ainda os antibióticos que são administrados para as vacas, e, é claro, os hormônios produzidos especificamente para o bezerro, e que não foram feitos para nosso organismo”, diz a autora. “Então, se esse consumo é feito ocasionalmente, com moderação, tudo bem. Mas a gente vê que na maioria das vezes isso é só discurso”. Conceição defende um caminho de ética com os animais, eco sustentabilidade e consciência. “A verdade é que a conta não fecha. Para criar um mamífero feliz você precisa de espaço. E não há esse espaço disponível para produzir carne e leite para alimentar todos os habitantes da Terra. Então fica aquela coisa da hipocrisia, ‘eu tenho dinheiro, eu compro’ um leite de qualidade, de vaquinhas felizes. E quem não pode comprar?”. Visite o site da autora para conhecer em profundidade seu ponto de vista sobre alimentação: www.docelimao.com.br
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* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br
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