BBC News Mundo - 11.06.2022

Você sabe o que é Reserva Cognitiva do cérebro?

Uma espécie de depósito de recursos que permite compensar os efeitos de uma lesão ou doença neurodegenerativa.

E o melhor, podemos construir e reforçar essa reserva ao longo de nossas vidas. 



Os cientistas têm percebido que se realizamos atividades diversas, que nos desafiam a pensar e acima de tudo, que gostemos, podemos fortalecer nosso cérebro, torná-lo super ágil, criativo e protegê-lo de danos futuros.

Mas como funciona a "reserva cognitiva"? E como podemos fortalecê-la?

É sobre isso que falamos neste vídeo.

A saúde cognitiva do seu cérebro, ou seja, a capacidade que temos de pensar, aprender e lembrar claramente ao longo de nossas vidas depende de duas coisas: a reserva cerebral e a reserva cognitiva.

Pense no seu cérebro como se fosse um computador. Um computador tem dois componentes principais: o hardware e o software.

A reserva cerebral é como o “hardware” do cérebro os componentes físicos, a estrutura básica que você herdou de seus pais.

Por exemplo, seus genes, o tamanho do seu cérebro, a quantidade de neurônios.

A reserva cognitiva é o “software”, ou programas que você “instalou” nele e podemos acumulá-los.

Por exemplo, aprender uma língua, ler, escrever fazer jogos ou trabalhos manuais.

Essas atividades tornam seu cérebro mais ágil, mais criativo e mais adaptável.

O fascinante é que várias investigações mostraram que, embora nosso cérebro sofra lesões, se instalarmos mais programas, fortaleceremos a “reserva cognitiva” de nossos cérebros com mais ferramentas para improvisar, para se proteger dos efeitos dessas lesões e contornar os sintomas da perda da saúde cognitiva.

Os cientistas ainda não entendem bem como é que nossos cérebros conseguem se proteger dessa maneira?

O que fica muito claro são seus efeitos positivos.

Então, se ainda não sabemos como funciona a "reserva cognitiva": Como sabemos que existe?

Isto é graças a centenas de freiras que permitiram que um jovem cientista estudasse seus cérebros nos anos 80.

O chamado "estudo das freiras" é a evidência científica mais clara do poder da "reserva cognitiva" para proteger nossos cérebros.

Em 1986, David Snowden queria estudar as habilidades cognitivas das pessoas ao longo dos anos e percebeu que as freiras seriam o grupo de controle perfeito porque elas tinham um estilo de vida muito semelhante.

678 irmãs de vários conventos em Minnesota aceitaram fazer testes cognitivos e de memória anualmente e também doar seus cérebros após sua morte para estudo.

Após 15 anos de estudo, Snowden e seus colegas descobriram que as freiras que mais liam e davam aulas, tinham cérebros excepcionais.

Destacando-se um caso em particular.

Até sua morte aos 101 anos, a Irmã Mary teve excelentes resultados nos testes cognitivos. Mas quando examinaram seu cérebro, eles viram que estava cheio das lesões clássicas da doença de Alzheimer.

Ou seja, em nível físico, o cérebro da Irmã Mary "tinha" Alzheimer, mas nunca apresentou sintomas, embora as lesões estivessem presentes.

A irmã “Mary” construiu e fortaleceu sua reserva cognitiva ao longo de sua vida, lendo, escrevendo, usando a memória para aprender orações e canções, falando com as outras irmãs e disfrutando dessas atividades.

É como se seu cérebro tivesse as ferramentas necessárias e fosse tão criativo que evitou a doença de Alzheimer.

Nunca é tarde para enriquecer a reserva cognitiva, embora quanto mais cedo começarmos, é melhor.

E quais atividades servem?

Aquelas que nos desafiam a aprender algo novo usar a memória e pensar em forma lógica. Aquelas que nos fazem interagir com outras pessoas e acima de tudo, atividades que gostemos de fazer.

Quando gostamos de algo, prestamos mais atenção e ajudamos a combater outro grande inimigo da saúde cognitiva: "a depressão".

Mas, atenção, não se esqueça que o cérebro é parte do corpo, portanto, temos que cuidar dele também.

Mesmo fazendo todas as palavras cruzadas do mundo e falarmos vinte idiomas, isso não será de muita utilidade se não cuidarmos do resto do “hardware”.

Então, se você já ouviu o ditado: "mente ocupada, é mente feliz", propomos uma ligeira correção para seguir o exemplo das freiras do estudo e construir sua reserva cognitiva:

“Mente ocupada, é mente saudável por mais tempo”

Nossos cérebros são fascinantes!

Apresentação: Laura García
Investigação: Margarita Rodríguez e Laura García
Produção vídeo: Daniel Arce Lopez
Edição: Natalia Pianzola

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