O impacto das alterações climáticas na produção de alimentos

O impacto das alterações climáticas na produção de alimentos

The Lancet - 02.03.16 *

Tradução Fernando Trucco **

O estudo, liderado pelo Dr. Marco Springmann do Oxford Martin Programme on the Future of Food at the University of Oxford (Reino Unido), é o primeiro que avalia o impacto das mudanças climáticas sobre a composição da dieta, o peso corporal e o total de mortes estimadas para 155 países em 2050. 

O impacto das alterações climáticas na produção de alimentos poderia causar mais de 500 mil mortes adicionais em 2050.  

A redução na ingesta de frutas e verduras pode causar em 2050 duas vezes mais mortes do que a desnutrição.

As mudanças climáticas poderiam matar mais de 500.000 adultos em 2050 em todo o mundo devido alterações na dieta como consequência da redução da produtividade agrícola, de acordo com novas estimativas publicadas na revista The Lancet(*). 

A pesquisa é a evidência mais forte referente a que a mudança climática pode ter consequências negativas para a produção de alimentos e para a saúde em todo o mundo. 

"Muitas pesquisas têm-se preocupado com a segurança alimentar, mas poucas análises têm-se concentrado nos efeitos da carências da produção agrícola sobre a saúde", explica o Dr. Springmann. "As mudanças na disponibilidade de alimentos também afetam os fatores de risco alimentares tais como o baixo consumo de frutas e legumes, o alto consumo de carne vermelha e a obesidade. Todos estes fatores aumentam a incidência de doenças não transmissíveis, como as doenças cardíacas, o acidente vascular cerebral, e o câncer, bem como a morte provocadas por essas doenças ". 

"Nossos resultados mostram que mesmo pequenas reduções na disponibilidade de alimentos por pessoa poderiam levar a mudanças no conteúdo de energia e composição da alimentação e essas mudanças terão consequências importantes para a saúde", acrescenta o Dr. Springmann. 

O estudo revela que, a menos que sejam tomadas medidas para reduzir as emissões globais,
as mudanças climáticas poderiam diminuir em cerca de
1/3 a disponibilidade de alimentos projetada para 2050.
 

Os resultados predizem que estas mudanças poderiam ser responsáveis por cerca de 529.000 mortes adicionais em 2050, em comparação com um futuro sem a mudanças climáticas,hipótese que evitaria 1,9 milhôes de mortes. 

Os países que são susceptíveis de ser os mais afetados são aqueles de baixa e média renda, predominantemente da região do Pacífico Ocidental (264.000 mortes) e Sudeste Asiático (164.000), com quase três quartos de todas as mortes ocorrendo na China (248.000) e na Índia (136.000). Também na Grécia (124 mortes por milhão de pessoas) e na Itália (89 mortes por milhão de pessoas) são susceptíveis de ser projetadas. 

Para avaliar os efeitos na produção mundial de alimentos, no comércio e no consumo em 2050, o Dr. Springmann e seus colegas usaram um modelo econômico agrícola que levou em consideração dados sobre trajetórias das emissões, rotas socioeconômicas e possíveis respostas climáticas. Com este modelo eles calcularam o número adicional de mortes relacionadas com as mudanças na dieta e no peso corporal para quatro diferentes cenários de mudanças climáticas (alta emissão, média, e baixa), em comparação com um mundo sem mudanças climáticas. 

O modelo prevê que as reduções no consumo de frutas e vegetais pode levar a 534.000 mortes, quantidade muito maior que os benefícios que podem ser obtidos, por exemplo, pela redução no consumo de carne vermelha (29.000 mortes evitadas). 

O impacto no aumento das mortes devido diminuição do consumo
de frutas e vegetais podem afetar às regiões do mundo de forma diversa:  

       - 58% nos países de alta renda;

        - 74% nos países de baixa e média renda do Pacífico Ocidental;

         - 60% na Europa;

         - 42% no Mediterrâneo Oriental.  

O Sudeste da Ásia e da África lideram a quantidade projetada de mortes de adultos por desnutrição, atingindo 47% e 49% do incremento das mortes em 2050 respectivamente. 

As alterações climáticas podem produzir alguns efeitos positivos pela redução do índice de obesidade. No entanto, a poupança de cerca de 260.000 mortes a menos em todo o mundo em 2050 é equilibrada pela menor disponibilidade de calorias e um aumento no número de mortes causadas pelo baixo peso das pessoas (266.000 mortes adicionais). 

Os autores enfatizam que a diminuição das emissões poderia ter benefícios substanciais para a saúde, reduzindo o número de mortes em 29-71%, dependendo da magnitude das reduções. Por exemplo, em um cenário médio de emissões (aumento da temperatura do ar na superfície de 1,3-1,4 ° C em 2046-65 versus 1986-2005), o número de mortes devido á dieta e ao peso poderia ser reduzido em cerca de um 30% em comparação com o pior caso, cenário de alta emissão. 

De acordo com o Dr. Springmann, "As alterações climáticas são susceptíveis de ter um impacto negativo substancial sobre a mortalidade futura, mesmo sob cenários otimistas. Os esforços de adaptação precisam ser ampliados rapidamente. Os programas de saúde pública destinados a prevenir e cuidar da dieta, tais como o aumento no consumo de frutas e legumes, devem ser reforçadas por uma questão de prioridade, para ajudar a mitigar os efeitos que têm na saúde as mudanças climáticas"

Comentando sobre as implicações do estudo, o Dr. Alistair Woodward, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia e Professor John Porter, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca escreveu: "Não deveríamos descuidar nossas projeções do que pode acontecer nos próximos 30-40 anos porque corremos o risco de subestimar o tamanho dos problemas futuros e, portanto, subestimar as ações presentes necessárias para mitigar os efeitos e nos adaptar”. 

E conclui: "Dr. Springmann e seus colegas mudaram o debate sobre o clima e os efeitos sobre os alimentos em uma direção necessária, destacando a segurança alimentar e nutricional, mas permanece uma montanha de perguntas políticas relevantes que exigem um exame minucioso”. 

* Fonte: The Lancet. "Impact of climate change on food production could cause over 500.000 extra deaths in 2050: By 2050, reduced fruit and vegetable intake could cause twice as many deaths as undernutrition." ScienceDaily, 2 March 2016.

** Fernando Trucco, Professional Translations. Reprodução permitida, desde que citada a fonte e o tradutor.

Complemente este estudo com a leitura deste artigo: Redução consumo carne e lácteos pode ser decisiva no cumprimento das metas climáticas

E para não perder as esperanças, um vídeo muito bacana feito por Bruno Navarro e Miag Eric Makibara

 

Micro-metragem que desenvolvemos em 2014 para Ministério da Cultura em parceria com Ministério do Meio Ambiente através...

Posted by Miag Eric Makibara on Monday, March 7, 2016


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