O corpo humano funciona em sincronicidade com a natureza e suas estações. Garantir o bom funcionamento de todo o organismo depende desta humildade e cumplicidade com a Terra.
Mas o Brasil é um país de dimensão continental, que apresenta climas, culturas, produções e até nomenclaturas regionais. Então, a listagem abaixo é uma referência e cada um terá que adequar à cidade e região em que vive.
INVERNO - Sistemas fragilizados: rins, bexiga, ossos e dentes.
No inverno os rins estão mais “yin”. Ou seja, menos ativos, tempo de parada e renovação. É o momento do ano em que eles estão mais vulneráveis e fragilizados. Portanto, é preciso fortalecê-los. O certo neste momento é consumir os alimentos típicos do inverno de seu país ou cidade. São as raízes, as sementes que precisam ser integrais e previamente germinadas, as frutas cítricas, as crucíferas e as folhas de cor verde bem escuro.
No inverno brasileiro é época de abóbora, abobrinha, batata doce, berinjela, brócolis, cará, cenoura, couve-flor, ervilha, inhame, mandioca, mandioquinha, nabo, acelga, alface, chicória (escarola), couve, espinafre, mostarda, repolho, banana, laranja, limão, mamão, melão, morango, pêra, pinhão e tangerina.
PRIMAVERA - Sistemas fragilizados: fígado, vesícula biliar e tendões.
Na primavera o sistema hepático está menos ativo. É o momento do ano em que fígado-vesícula mais precisam de uma aliviada nos excessos e uma bela tonificada. É hora de consumir mais flores e folhas. Abóbora, abobrinha, alcachofra, berinjela, beterraba, cenoura, chuchu, couve-flor, ervilha, mandioquinha, nabo, vagem, alface, almeirão, catalonia, chicória (escarola), repolho, banana, caju, laranja, melão, morango e pêssego. Aliás, em qualquer estação, a irritabilidade pode ser superada com mais verduras da primavera e diminuindo os alimentos aquecedores do inverno.
VERÃO - Sistemas fragilizados: coração, vasos, artérias e intestino delgado.
Verão é momento de frescor, hidratação e tudo de fácil digestão, ou seja, caprichar nas frutas, saladas e alimentos leves: abóbora, abobrinha, agrião, alcachofra, alho, batata-doce, berinjela, cenoura, chicória (escarola), chuchu, jiló, mandioca, milho verde, moyashi (broto de feijão), nabo, pimentão, quiabo, rabanete, repolho, abacaxi, abacate, ameixa, banana, caju, coco, figo, goiaba, jaca, laranja, limão, maçã, manga, maracujá, melancia, melão, pêra e uva.
No outono começam os problemas respiratórios e de pele. Portanto, é o momento mais apropriado para cuidar muito bem destes sistemas de excreção. Os bons alimentos são: abóbora, abobrinha, acelga, alface, batata-doce, berinjela, brócolis, chuchu, mandioca, nabo, pimentão, quiabo, rabanete, tomate, vagem, repolho, abacate, banana, caqui, coco, goiaba, jaca, laranja, limão, linhaça, maçã, maracujá, melancia, pêra e tangerina.
Importante lembrar
Alguns alimentos precisam ser reconhecidos como tal pelo consumidor brasileiro. Bons exemplos são as folhas da beterraba e a rama da cenoura, ricas em antioxidantes, ferro e clorofila. São excelentes para sucos, saladas e amornados. Da mesma forma as folhas da couve-flor, abóbora, brócolis e os talos da salsa, coentro, agrião e hortelã, riquíssimos em vitamina C, que podem seR usados nos sucos, chás ou triturados no preparo de molhos.
Alguns alimentos que estiverem baratos numa estação poderão ser desidratados com luz solar e serem consumidos ao longo do ano. Logicamente, por não serem frescos e integrais, porque desidratados, serão usados como periféricos das receitas da alimentação crua e viva.
Leia a seguir trecho da matéria O poder de cascas, talhos e folhas:
Um cardápio no qual se aproveitam talos, cascas e folhas pode parecer estranho. Mas um estudo concluído recentemente pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), encomendado pelo Sesi/SP, pode fazer com que as donas-de-casa revejam a atitude de jogar for a essas partes ‘não-convencionais’ de frutas, verduras e legumes. A pesquisa analisou 19 alimentos e comprovou que, em muitos casos, os itens geralmente descartados podem ter até mais nutrientes que a polpa de frutas, verduras ou a folhagem de vegetais.
Um dos resultados que mais surpreendeu foi sobre a cenoura. “A sua rama e casca são muito mais nutritivas que a polpa. Em 100 gramas da rama há quatro vezes mais proteína, três vezes mais vitamina C e quantidade ainda maior de Ferro do que na polpa”, destaca a nutricionista Tereza Watanabe, do Sesi/SP. “O fato é que, nas feiras, os vendedores sempre perguntam se queremos levar cenouras com ou sem rama. A cada dez pessoas, nove preferem sem. Infelizmente falta conhecimento à população”, comenta Tereza.
Outro resultado surpreendente é em relação ao potássio. “Geralmente, as pessoas associam a banana como a principal fonte de potássio. No entanto, descobrimos que 100 gramas da casca do pepino é ainda mais rica em potássio que a banana. Além disso, a casca do pepino é riquíssima em fibras, o que torna a sua digestão mais fácil”, diz Tereza.
A professora da Unesp Giuseppina Pace Pereira Lima destaca que 60% do lixo produzido no Brasil é orgânico. “Nosso lixo é o mais rico do mundo. Não podemos pensar que sementes de abóbora ou folhas do brócolis, por exemplo, são restos jogados fora”, diz.
Ela ainda cita que o reaproveitamento de alimentos deveria ser adotado em programas para a população de toda renda. “Tudo pode ser aproveitado. Além de se diminuir gastos com a alimentação, a saúde do brasileiro só tem a agradecer”, finaliza.
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* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
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