Conceição Trucom*
A gama de pessoas que escreveram e escrevem sobre o riso é inspiradora: Aristóteles, Platão, Hobbes, Freud, Kant, Schopenhauer, Spencer e Koestler. Este último dedicou as primeiras 90 páginas da sua obra (O Ato da Criação) à figura do bobo da corte e a seu papel na criatividade. Este arquétipo do tarô, que simboliza a extrema inteligência, ao criticar os problemas sociais da plebe através da ironia, alegria e bom humor, sem contudo entrar em choque com o Rei, mas somente alertando-o.
Temos um grande número de pesquisadores em muitos campos explorando o papel do riso no bem estar de nosso corpo e mente. Koestler fala dele como um "reflexo de luxo", que só pode estar evoluído nos seres humanos no estágio de "emancipação cortical", quando nos tornamos capazes de perceber nossas "próprias emoções como redundantes, e admitir, sorrindo: fui surpreendido". Ele também afirma que o riso só poderia ter surgido "numa espécie biologicamente segura com emoções redundantes e autonomia intelectual".
Um propósito chave do riso, é que ele nos mantém livres da tirania do nosso passado e de nossa sociedade. Das crenças que costumamos arrastar desde a mais tenra infância e dos contextos sociais robotizantes.
O riso é também uma forma de lidarmos com o que não conseguimos explicar, pois ele nos possibilita o distanciamento temporário de um evento sobre o qual não temos controle, lidar com ele e depois continuar saudável com nossas vidas. O riso após emoções que poderiam nos desequilibrar e roubar a energia necessária para permanecer na realidade, nos purifica e nos recoloca na situação, porém com a atenção desperta.
O riso desenvolve uma habilidade criativa, que estimula a flexibilidade mental e traz portanto uma capacidade ampliada do uso da inteligência.
O riso também pode definir nossa sanidade. Nossa habilidade em associar universos de discursos independentes só funciona quando estamos mentalmente sãos. Koestler define essa habilidade como a chave do riso e da criatividade. O momento em que pacientes clinicamente deprimidos dão risada é um momento de ruptura em direção à cura. Até aquele ponto eles haviam sentido seu mundo como um lugar constantemente amedrontador e hostil.
A vida não deve ser vista de forma tão literal, precisamos ser capazes de usar o contexto "faz de conta", que é a marca registrada de uma criança espontânea e da imaginação humana.
A Terapia do Riso resgata a noção de aprender a brincar com nossa dor e descobrir meios de trazer nossas crenças para o presente, ajustando-as ao que somos hoje, ou seja, à nossa realidade.
As pessoas que conseguem rir, lidam de forma muito mais saudável com a sua realidade, percebem o mundo e tudo que as cerca com intensidade e vitalidade. São mais humildes quando têm sucesso e menos derrotadas em momentos difíceis.
É algo como não ter medo de viver o presente, o real, os fatos, porque existe um prisma de positivismo que os faz crer que existem infinitas saídas e formas de transformar os desafios em aprendizados.
Com certeza há coisas mais importantes na vida do que achar engraçado o que fazemos, mas não consigo imaginar qualquer outra coisa que faça a minha vida valer mais a pena.
Uma das crenças mais persuasivas que nos impedem de viver a vida que queremos é a de que devemos ser sérios para sermos respeitados. É essa confusão que nos leva a perder contato com aquele "lugar interior do riso, da brincadeira, da vontade espontânea de aprender" que pode dar alegria às nossas vidas.
Abandonamos a nossa criatividade em prol da responsabilidade e do respeito.
Não acho que seja uma questão opção, pois ao contrário do que os "condicionamentos sociais" querem pregar, podemos ser criativos, respeitáveis e responsáveis, e ao mesmo tempo bem humorados e positivos. E mais, livres internamente.
Texto extraído do livro "O poder do Riso" (Ed. Ground - Mariana Funnes) e adaptado por Conceição Trucom
Recomenda-se a leitura na íntegra do livro Alimentação Desintoxicante - editora Alaúde, o que possibilitará a prática desta filosofia de vida com consciência e responsabilidade, e escutar e se contagiar com o CD-áudio da Terapia do Riso.
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Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br
* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).