Por Marco Bertalot *
Foto: FAO/Olivier Asselin, Fonte: Ecodebate
O aumento de notícias sobre resíduos de agrotóxicos nos alimentos, sobre a instabilidade climática e sobre temas relacionados, como o dos transgênicos, parecem estar ecoando mais entre consumidores, comerciantes e produtores. O crescimento do número de produtores e de feiras e a maior variedade de produtos orgânicos até nas prateleiras de alguns supermercados, parece refletir esse movimento adicional que nos permite admitir a possibilidade de um novo impulso também para o desenvolvimento da agricultura biodinâmica entre as demais formas de agricultura orgânica, é claro.
A maior barreira à generalização da demanda por produtos orgânicos continua sendo a ideia de que o preço destes ainda é elevado e mesmo proibitivo para a população em geral. Por outro lado também vemos crescer comentários de consumidores que percebem o maior gasto compensado pela qualidade, pela economia futura com saúde e pelos óbvios benefícios ambientais indiretos.
Mas ainda há outra movimentação recente nesse campo que pode ser notada por quem acompanha as instituições de pesquisa e de extensão como EMBRAPA, CATI e outras. É aí que a mídia vai buscar suas matérias sobre as novas técnicas no campo da agropecuária. Tanto nesses meios quanto na cena do agronegócio repete-se há dois ou três anos e com frequência crescente, o "novo" termo "bioativação do solo". Esse termo surgiu recentemente e de maneira semelhante ao anterior que levou o nome "integração lavoura-pecuária".
Um artigo publicado no Informativo Agrolink sob o título "Bioativação de solo é arma para incremento de produtividade" comenta o "boom" desse novo método agrícola ressaltando suas qualidades que consistem "no fortalecimento de microrganismos presentes no solo, através de produtos bioativadores aliados às técnicas de rotação de cultura, planta de cobertura, adição de matéria orgânica, plantio direto com qualidade, etc." ... O técnico do Instituto Agronômico do Paraná (o IAPAR) afirma, segundo o mesmo artigo, que "A bioativação de sistemas é a revolução da fertilidade biológica dos solos que foi esquecida ao longo dos anos..." mas felizmente ainda menciona que "...a técnica é usada na agricultura orgânica mundial."
É surpreendente, mas principalmente animador, constatar essa reviravolta tanto por parte dos técnicos quanto por parte dessas tão respeitadas e ultimamente até mesmo aclamadas instituições oficiais de pesquisa e extensão agropecuária. Com esse tipo de comentário, relativamente frequente nos últimos poucos anos, esses técnicos e as respectivas instituições reconhecem a existência de conhecimentos - difundidos pelo mundo há quase um século de agricultura biodinâmica e orgânica.
As tendências acima descritas no campo da agropecuária adquirem ainda maior relevância e mesmo destaque no noticiário internacional neste ano em que a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) anunciou 2015 como o Ano Internacional do Solo, tema tão caro ao movimento de agricultura biodinâmica desde a sua fundação em 1922.
Em referência à importância dos solos agrícolas, temos outro artigo - que recomendamos ao caro leitor - sob o título:
"Solos hospedam um quarto da biodiversidade mundial"
Que ressalta o seu papel (dos solos) do ponto de vista da segurança alimentar e da biodiversidade garantidora da vida no planeta. Resta-nos juntar-nos ao movimento sugerido pela FAO e festejar esses pequenos, mas imensos passos na direção de uma nova compreensão do que vem a ser a própria agri-cultura para a natureza e para o desenvolvimento - talvez seja mais apropriado dizer evolução - do ser humano.
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(*) Marco Bertalot, economista e gestor do site REGENERABILIDADE Social & Ambiental...