J. Nivaldo Alvarez
É freqüente ouvir-se, ou mesmo verificar-se, pais que se queixam e se lamentam de problemas na educação de seus filhos. E, geralmente colocam a culpa na sociedade atual.
O assunto é muito complexo e difícil de se lidar. Milhares de livros tem sido escritos por psicólogos e estudiosos que examinaram o comportamento das crianças e também dos pais. Partindo do exame desses comportamentos, que são os efeitos mais externos que se manifestam, originados por causas as mais diversas – para eles desconhecidas – partem à procura de uma solução, geralmente paliativa.
Estas soluções só podem ser de alguma ajuda se, paralelamente, se descobrir as causas do problema. Eliminadas as causas, será mais fácil extirpar-se os efeitos, se ainda houver tempo, ou então evitar o surgimento de outros.
De uma forma geral, a maioria desses problemas surge devido à falta de conhecimento dos próprios pais que, da sua posição de adultos, observam as crianças – sem atentarem para o fato de que elas são ainda CRIANÇAS – sementinhas que um dia irão germinar e se transformar em árvores adultas. Pretendem que as crianças raciocinem como adultos, pois eles, os pais, estão transmitindo aos filhos toda a experiência que levaram anos para adquirir.
Esquecem, entretanto, de algo muito importante para o desenvolvimento do espírito que habita o corpo que hoje é seu filho: a própria vivência. E esta vivência será facilitada ou não pelos impulsos que lhe são proporcionados ainda na infância.
As experiências pelas quais passou um pai ou uma mãe também poderão ser úteis aos seus filhos, desde que estes tenham a possibilidade de vivenciá-las. Mas o que acontece, geralmente, é ver-se os pais tentando evitar que o filho passe pelos “maus bocados” por que eles passaram, ou então, tentando fazer que os seus “bons bocados” sejam úteis aos mesmos, não através de vivências próprias, mas sim, pela imposição de uma educação férrea, ou mesmo até sem educação alguma.
Os resultados dessa maneira de agir aparecem logo na puberdade.
Por que?
Na realidade, o que acontece é que na puberdade a criança começa a sair daquele seu mundo infantil para adentrar à realidade, formando base para uma adolescência cheia de experiências novas, que lhe abrirão caminho para as vivências de seu período de adulto.
Mas é exatamente no “seu mundo infantil” que a criança deve receber os incentivos (impulsos) através dos quais, ao desabrochar o espírito, deverá estar plenamente apta para vivenciar o que lhe será útil ao seu desenvolvimento espiritual. Não há como fugir desse imperativo das Leias da Natureza: esta é a forma de auxiliar no desenvolvimento espiritual dos filhos, bem como dos próprios pais.
Com fazer então? Perguntam os pais que realmente querem acertar e que ardentemente desejam proporcionar a seus filhos uma educação correta.
Ora, sabe-se que ninguém dá o que não tem – e que só quem dá poderá receber. Assim, numa seqüência de raciocínios pode-se chegar à seguinte conclusão: “Quem pretende dar algo necessita primeiro possuir esse algo (mesmo que seja educação!)”.
Chegando a este ponto terão esses pais dado um grande passo: o reconhecimento de sua própria situação perante seus filhos.
Deverão analisar-se a si próprios e verificar se aquilo que até agora pretenderam ensinar aos filhos era realmente o que eles necessitavam, ou, se o egoísmo, mascarado de falso amor, não está pretendendo “exibir” seus filhos, e, com isso exibir também suas capacidades de “educar”.
O escritor Don Miguel Ruiz, em seu livro “Os Quatro Compromissos”, rotula o processo de educação como domesticação de seres humanos. Diz ele a certa altura: “As crianças são domesticadas da mesma forma que domesticamos um cão, um gato ou qualquer outro animal”.
A criança, desde tenra idade, é dotada de grande inteligência e agilidade, que só precisa ser orientada e conduzida, para que todas as suas capacitações lhe sejam benéficas e não se dissipem. Mas, para a boa utilização das capacitações que são inerentes ao espírito, há a necessidade de se eliminar os erros que lhe estão aderidos, impossibilitando o florescer dessas capacitações. A eliminação desses erros (ou pendores) só será possível de dentro para fora, pela vivência, e a boa educação vai preparar a criança para enfrentar corajosamente esses pendores, quando desabrochar seu espírito.
Quem será o nosso melhor amigo? Aquele que nos amedrontou durante toda a infância contra certo inimigo, e com esse medo nos impossibilitou o reconhecimento desse inimigo e ter armas para combatê-lo, ou aquele que nos ensinou qual era ele e nos deu inclusive as armas para derrotá-lo? Vamos pensar no assunto?
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“Quando as pessoas perguntam a si próprias como podem educar de modo certo seus filhos, elas devem observar em primeiro lugar a criança, e se orientarem correspondentemente. Desejos próprios do educador devem aí ser completamente postos de lado. A criança deve seguir o seu caminho na Terra e não o caminho do educador.”
Mensagem do Graal – Na Luz da Verdade – dissertação: A CRIANÇA.
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